Perdido em ‘Lost’

Uma teoria presume um grande experimento psicológico. Outra mexe com análises numéricas. Outras escolas de pensamento examinam a consciência coletiva, eletromagnetismo e teologia.

Um seminário da Ivy League? Dificilmente. É especulação sobre o significado de Lost, a segunda temporada do drama da ABC. Seguidores devotos online examinam cada episódio no microscópio, procurando responder questões que vão bem além do se e quando os perdidos vão sair de sua misteriosa ilha.

Embora alguns fãs pareçam dedicar tempo necessário para ganhar um Ph.D, – e vários PhDs analisam a série – um guia se faz necessário para novos estudantes. Lost segue os sobreviventes de um vôo de Sydney para Los Angeles que partiu-se e caiu em uma ilha tropical. Depois de encontrarem um ‘monstro’ incomum, um urso polar e outras coisas estranhas na estréia em 2004, o rockeiro viciado Charlie (Dominic Monaghan) fez uma pergunta que ainda consome os fãs: “Onde nós estamos?”

Alguns devotos procuram uma teoria única que explique o que é a misteriosa ilha, por quê aquelas pessoas estão lá e por quê nenhum resgate apareceu mais de um mês depois do acidente. Os produtores da série dizem que não há uma explicação simples e que uma resposta simples deixaria a audiência insatisfeita. “Insistimos dizendo ‘o que não é’,” pontua Damon Lindelof, que criou Lost com J.J. Abrams (Alias, Missão Impossível 3).

Lindelof e Carlton Cuse, os produtores executivos que cuidam de Lost, dizem que os sobrevivente não estão mortos e presos em algum tipo de purgatório. Nem que Lost acontecem em um sonho ou alucinação na mente de um personagem – um conceito que eles chamam de “teoria do globo de neve,” depois que o drama médico St Elsewhere, revelou em seu final de 1988 ser passado em um globo de neve de um garoto autista.

Isso não reprime os fanáticos que tem simpatia por essas teorias. “O que é legal sobre a comunidade de fãs é que ela não parece se importar com o que dizemos ou não,” Lindelof diz.

Para encorajar análises extensas, Lindelof, Cuse e a equipe de escritores semearam Lost com tantas pistas que eles não podem nem adequá-las na tv. A série pulou de cabeça na sinergia multimídia, criando tudo desde sites relacionados a Lost (como www.thehansofoundation.org) a livros derivados (Bad Twin, um romance escrito pelo ficcional Gary Troup, um dos passageiros do vôo 815 da Oceanic) que podem ou não dar dicas.

Na semana passada, a ABC mostrou um um comercial falso da Hanso Foundation durante a série para lançar a Lost Experience, uma caçada parela na internt designada para dar aos jogadores pistas adicionais mas que não afetam a esperiência daqueles que não jogam.

A maturação da comunicação da internet chegou a um nível de escrutínio e interação entre audiência/escritores acima e além de daquela de ancestrais como Twin Peaks, Arquivo X e Buffy. Com milhares de fãs colecionando explicações, a audiência pode se alimentar nessa rede de análises toda semana em sites como thefuselage.com, lost-tv.com, lost-forum.com e lost.cubit.net.

“Com Lost, há tantas formas de interagir… que há mais de uma comunidade que leva a mais pesquisa e mais níveis de discussão,” diz Lynnette Porter, uma professora de humanismo da Universidade Aeronáutica da Flórida Embry-Riddle e co-autora de Unlocking the Meaning of Lost: An Unauthorized Guide

Atenção! Spoilers abaixo para quem ainda não viu os episódios 2×20 e 2×21

Semana passada, a audiência teve muito o que ponderar quando Michael (Harold Perrineau), obcecado por sua busca pelo filho sequestrado Walt (Malcolm David Kelley), atirou nas sobreviventes Ana Lucia (Michelle Rodriguez) e Libby (Cynthia Watros). Ontem, os fãs ganharam mais informações na escotilha subterrânea que é uma sobra de um grande experimento psicológico da ilha, a Dharma Initiative. Apropriadamente, o episódio foi intitulado “?”, a marca de interrogação no centro do que aparenta ser o mapa da ilha.

Os episódios do final da temporada também vão oferecer uma resolução à situação de Michael e Walt, que foi visto algumas vezes como aparição, e os sobreviventes vão se preparar para enfrentar os Outros, um misterioso grupo que sequestrou Walt. Desmon, o homem descoberto na escotilha no início da temporada, vai retornar também, e a audiência vão descobrir porquê o avião caiu.

As Teorias


Lindelof e Cuse, falando do set de Lost na semana passada quando finalizavam a 2ª temporada e planejavam a 3ª, dizem que há muitas perguntas para uma explicação simples. “Sabemos onde eles estão e oque está acontecendo, mas isso não poderia ser classificada como uma teoria única,” Lindelof diz. Várias questões rendem múltiplas respostas, eles dizem.
“Uma camada fala do eletromagnetismo, outra de experimento psicológico, outra do porquê eles podem ver Walt. Chegar a uma resposta que unifique todas essas coisas é quase impossível. Esperançosamente, todas as subcamadas serão explicadas” no final, eles dizem.

Embora os teóricos sejam um grupo de fãs de Lost muito intensos e clamorosos, os produtores dizem que eles tem se focar na audiência maior de telespectadores casuais, desenvolvendo personagens e relacionamentos que retenham seu interesse. (Lost tem alcançado uma média de 15.3 milhões de telespectadores nessa temporada, aparecendo na 15ª posição entre as séries de horário nobre)

Para esses que querem analisar, contudo, eles dão boas vindas às especulações. “Nós não queremos eliminar muitas teorias,” Cuse diz. “O que as pessoas curtem na série é essa possibilidade de teorizar.”

E isso de websites a Entertainment Weekly, tentando descobrir do que se trata tornou-se um esporte participativo. Teorias proeminentes e áreas de investigação:

A Ilha como laboratório – A revelção dessa temporada da Dharma Initiative, uam organização secreta com um objetivo fundamentado na melhoria humana, levou muitos a abraçar a teoria de Lost é um grande experimento. A Hanso Foundation, que tem laços com a Dharma e debruça em tópicos como saúde mental e extensão da vida, também sugere estudos da ciência social. A escotilha, que requer que uam sequência de números (4, 8, 15, 16, 23 e 42) seja digitada em um computador a cada 108 minutos, sugere uma Caixa de Skinner, batizada assim por causa do famoso psicólogo B.F. Skinner.

Eletromagnetismo – Essa foi uma das favoritas inicialmente depois que uma bússola não funcionava adequadamente na primeira temporada. Teóricos pontuam que a obscura Hanso Foundation conduz pesquisa nesse campo, e que a escotilha foi designada para tal estudo. Essa teoria pode ajudar a explicar o mal funcionamento dos instrumentos do avião.

Continuum tempo-espaço – Na Física, a Teoria das Cordas sugere outras dimensões de espaço e tempo, que poderiam ajudar a explicar porquê nenhum resgate encontrou os perdidos. Deslocamentos no tempo poderiam ajudar a explicar porquê uma instalação médica onde a grávida Claire (Emilie de Ravin) foi mantida parecia estar abandonada a anos quando sobreviventes a descobriram poucas semanas depois, Porter diz. Um website creditado à ABC/Disney (www.oceanicflight815.com) também levanta a questão do tempo: Um tíquete de bagagem para o sobrevivente Jack Shepard (Matthew Fox) parece ser datado como 21 de Setembro de 2009.

Os Números – O aparecimento da sequência em um bilhete premiado da loteria do sobrevivente Hurley (Jorge Garcia) desencadeou uma série de idéias envolvendo os números. Uma teoria diz que eles coincidem com os números de uniformes aposentados do New York Yankees. Os produtores reagiram ao interesse do fãs pelos números, mostrando-os em tudo desde uniformes de times de hockey a carros de polícia, Porter diz.

Consciência coletiva – Conexões passadas entre os sobreviventes – Sawyer bebendo com o pai de Jack, o pai de Jack contratando Ana Lucia, Locke trabalhando para a empresa de Hurley – levou muitos a supor que essas ligações estão relacionadas à suas presenças na ilha. A aura psíquica da ilha levanta a questão se os personagens estão se insinuando na consciência dos flashbacls individuais de cada um que são a assinatura de Lost, diz David Lavery, um professor da Universidade de Middle Tennessee State.

Com a especulação vém as discordâncias, que podem ser metade da graça. Orson Scott Card, autor do best-selling de ficção científica Ender’s Game, diz que um tema de consciência coletiva poderia tornar qualquer base sólida que a audiência tenha em um castelo de areia. “Uma coisa que estamso considerando é que as histórias passadas são verdadeiras,” diz Card, que está editando seu novo livro Getting Lost: Survival and Starting Over in J.J. Abrams’ Lost, a ser lançado em agosto.

Lost pode estar provocando a audiência algumas vezes também. Os produtores dizem que não é um purgatório, mas o nome Gary Troup é um anagrama para esse ambiente de transição, Porter diz.

As muitas alusões literárias e filosóficas de Lost não dão explicações específicas, mas oferecem um banquete de considerações. Personagens com nomes dos famosos filósofos Locke e Rousseau. O romance Watership Down é sobre coelhos que tem que fugir de suas coelheiras, e cubos multidimensionais e ondulações de tempo, são encontradas em A Wrinkle in Time, dois de muitos dos livros lidos na ilha

Uma história de Ambrose Bierce na lista de leitura de Lost, An Occurrence at Owl Creek Bridge, brinca com a teoria do globo de neve, contando a história de um homem que pensa ter escapado do enforcamento até descobrir que isso ocorreu na sua mente momentos antes de ser enforcado. Mas Lavery aponta para o The Damned Thing de Bierce, que é sobre um monstro invisível.

Outros ensaístas citam o filósofo Francis Bacon e o matemático René Descartes em suas considerações. “Eu penso que Lost, mais do que qualquer coisa na tv, abre espaço para um fórum de discussão crítica e filosófica,” diz Amy Bauer, um professor assistente de música da Universidade da California que tem um diário online, A Sociedade para o Estudo de Lost (www.loststudies.com).

Tudo em Lost é feito para análise, diz Joyce Millman, que escreveu um dos ensaios Getting Lost. Ela credita os escritores com “uma rica variedade de referências: científica, bíblica, cultura pop, literária, histórica e filosófica.”

Millman, cujo ensaio é chamado Teoria dos Jogos, vê a estrutura de Lost atraindo os fãs pela familiaridade: Ela pensa que a série funciona como um video game interativo. “A narrativa e a ação se desenvolvem em múltimplos níveis. Há pistas escondidas que funcionam como os Easter Eggs dos jogos,” Millman diz. “Lost é um grande jogo, e o ato de acompanhá-la te força a jogar junto.”

A natureza de teorizar


Tentar dar significado ao mistério é da natureza humana. “É isso que as pessoas gostam de fazer. Nós vemos todos esses modelos, e tentamos extrair um sentido deles,” Porter diz.

Lindelof e Cuse dizem que outros escritores de Lost monitoram as teorias dos fãs e dos websites porque não querem servir apenas essa audiência. Mas eles aprendem com eles e respondem às preocupações dos fãs. A insatisfação com o número de respostas no final da temporada passada leva a mais respostas no episódio final dessa temporada a ser exibido no dia 24 de Maio.
Alguns fãs estão “surpreendentemente perto” com as teorias, Lindelof diz, mas não tem informações suficientes ainda para chegar lá.”

Card gostou mais da primeira temporada e diz que não está certo que Lost esteja revelando as respostas rápido o suficiente. Seu sucesso futuro depende do fornecimento de respostas suficientes e fazer com que elas sejam complicadas o bastante para fazer valer o comprometimento dos fãs.

“O suspense real vém das respostas, não das perguntas. Suspense vém não de iamginar o que está acontecendo mas de iamginar o que acontece a seguir, ” ele diz. “Se você retém as respostas, fica impossível satisfazer.”

Alguns fãs nunca vão estar satisfeitos com o ritmo ou a qualidade das respostas de Lost. Outros pensam se os produtores podem manter seu brilhante equilíbrio entre personagens, mistério e alusões. “Os produtores tem… mantido o interesse bem alto,” Bauer diz.

Pelo menos um fã dedicado inclina-se mais na direção Zen do que analítica. Como na vida, nem tudo em Lost fará sentido, e nem precisa, diz Charlie Starr, outro ensaísta Getting Lost e professor de Inglês e humanismo na Universidade Cristã do Kentucky em Grayson.

“Talvez não devamos teorizar. Talvez devamos nos render a isso. Nós temos que ser pessoas que podem lidar com mistério, render-se ao texto e deixar que ele nos leve onde ele quiser,” diz Starr, em referência ao poeta inglês John Keats. “Com Lost, talvez a melhor coisa que se tenha a fazer, seja simplesmente assistir com um senso de maravilha e surpresa.”

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1 COMENTÁRIO

  1. Caros Cidadãos do Universo, boa noite!
    Estava procurando algo sobre eletromagnetismo e teologia e a única matária que aparceu foi vosso blog.
    Parabelizo-os pelo interesse.
    Sugiro que busquem saber o que é HAARP e a biografia de Nicola Tesla, além é claro, sobre Armas eletromagnéticas. Algo encontra-se me Matrix, O Grande Truque, X-Man, O Núcleo e + Velozes + Furiosos.
    Enfim, haverá entendimento sobre o que estão buscando, mas afirmo, sem pestanejar que a resposta é teológica, devido o magnetismo pessoal de cada um de nós.
    Lembrem-se que nosso cérebro trabalho na faixa de 4 a 6 Hz.
    Bom…acredito que escrevi demais.

    Saudações,

    Sérgio Veber
    sergioveber@yahoo.com.br

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