
No dia 27 de Maio, estreia nos Cinemas e nas principais plataformas digitais do Brasil, o documentário Alvorada, filme que mostra os últimos dias de Dilma Rousseff na residência oficial do Executivo durante o período em que a ex-presidente enfrentava o processo de impeachment que acabou por destituí-la do cargo.
Afinal, teve pedalada fiscal? Foi golpe? Se é resposta objetiva para essas perguntas que você procura, não é neste Alvorada da dupla Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?) e Lô Politi (Jonas) que encontrará as respostas. O que vemos nele, contudo, é muito mais um recorte de bastidores da rotina do Palácio da Alvorada – desde o funcionamento da cozinha passando por pequenos cortes de reuniões e entrevistas – do que uma análise sobre o cenário que levou o país àquele momento e suas terríveis repercussões.
E se por um lado o documentário perde a oportunidade de fazer um registro histórico contundente acerca do contexto político e social de um passado recente do país, por outro acerta ao mostrar a faceta pragmática de Dilma que, mesmo com toda pressão vivida, surge sempre aparentando extrema tranquilidade e equilíbrio mesmo quando praticamente todos ao seu redor se vêem tomados pela angústia crescente que se transforma num sentimento de impotência frente à irreversibilidade de um processo que já tinha veredicto antes mesmo de começar.
Nesse sentido, a melancolia dá o tom de Alvorada quando Dilma fala, de forma muito franca, sobre como a lógica da elite política é descolada da realidade da população em geral. Uma leitura que o documentário registra bem ao mostrar que enquanto alguns poucos assessores sofriam com o desfecho do processo de impeachment, outros tantos funcionários (mais simples e numerosos) tentavam apenas atender às demandas de mais um dia de trabalho na cozinha, na manutenção e nos jardins do Palácio.