Crítica | Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Acompanhar a franquia Exterminador do Futuro ao longo desses últimos 35 anos, tem sido quase como andar na maior montanha russa do mundo: você sem dúvida experimentou momentos de tensão, adrenalina e empolgação ao longo do percurso, mas também encarou momentos em que, nauseado, simplesmente se arrependeu de ter embarcado na brincadeira. 

Criada em 1984 por James Cameron e Gale Anne Hurd, a série teve seu melhor capítulo em 1991 com o icônico O Dia do Julgamento, um filme que não só revolucionou a indústria por conta de seus impressionantes avanços técnicos para a época, como subverteu, de forma bem surpreendente, conceitos estabelecidos anteriormente dentro de seu próprio universo. O que vimos depois, contudo, foram tentativas frustradas e frustrantes de emular as mesmas ideias com poucas variações. E essas, quando vieram, diga-se, resultaram no insosso A Salvação de 2009 ou naquele atentado chamado Genisys de 2015.

Para alívio geral (?), porém, Destino Sombrio, sexto filme da franquia, revisita e requenta temas recorrentes da saga, é claro, mas também é surpreendentemente competente para criar e desenvolver cenários novos com relativa personalidade. Dirigido por Tim Miller (Deadpool) a partir do roteiro escrito pelo trio David S. Goyer, Justin Rhodes e Billy Ray, o filme toma os eventos de O Dia do Julgamento como ponto de partida para a continuidade da trama. E com isso ignora – ainda que não totalmente – os três filmes que vieram depois.

A ideia abraçada aqui, estabelece que o futuro apocalíptico dominado pela Skynet foi de fato evitado graças às ações de Sarah Connor e cia no filme de 1991, mas que isso, contudo, não impediu que outro destino futuro sombrio ameaçasse a humanidade alguns anos depois. Logo no início do filme, por exemplo, uma sequência que surpreende pela qualidade técnica do rejuvenescimento digital feito com alguns personagens, faz um grande retcon que anula totalmente o que vimos em A Rebelião das Máquinas de 2003.

A partir dali, a narrativa dá um salto de 20 e poucos anos e, além de reintroduzir Sarah Connor na trama de forma vibrante, apresenta também o trio de personagens novos que tem Grace (Mackenzie Davis) surgindo como a protetora da jovem Dani Ramos (Natalia Reyes) que por sua vez é o alvo de um novo tipo de exterminador (Gabriel Luna) aparentemente indestrutível.

O futuro de onde Grace veio, aliás, pode até não ser o mesmo aludido ao longo da franquia até aqui, mas inegavelmente se “inspira” em elementos daquele que vimos antes, e o motivo é um só: ela é uma humana transformada em ciborgue (lembram do Marcus do filme A Salvação?) capaz de enfrentar Rev-9, nome do novo e impressionante exterminador que por sua vez é um amálgama melhorado dos modelos que conhecemos antes. 

Nesse contexto, Tim Miller aposta no velho e bom jogo de gato e rato para construir sequências de ação visualmente impactantes (mas que pecam aqui e ali pelo excesso de CGI) já na sua primeira metade e que jamais soam repetitivas, quer seja pela mudança de cenários (bem distintos entre si) ou pela escalada de urgência que ganham até culminar no ato final envolvendo um violento embate entre Grace, Rev-9 e, claro, o T-800 de Arnold Schwarzenegger.

O retorno do veterano astro como uma versão envelhecida do ciborgue já na segunda metade do filme, aliás, é justificada a partir de um argumento bem parecido com aquele usado em Genesys. Contudo, o que realmente chama atenção nessa volta – além das gags que surgem pontualmente e das sequências de ação que ele protagoniza, claro – é a mudança que o tempo imprime em sua natureza e como isso impacta diretamente seu relacionamento com Sarah Connor bem como o próprio desfecho da história.

E se o fim traz um quê de mais do mesmo que já vimos dentro da franquia, Exterminador do Futuro: Destino Sombrio pelo menos se esforça bem mais que seus três antecessores para garantir uma nova e alucinada volta naquela montanha russa que a gente já conhecia, mas que ressurge com boas e novas surpresas.

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