Em entrevista, produtores antecipam suas expectativas para a última temporada de Lost

Antecipando que o final da série não deixará ganchos e que a disputa entre fé e razão representadas por Locke e Jack desde o início da série assume papel central no desenrolar da 6ª e última temporada de Lost, os produtores executivos, Damon Lindelof e Carlton Cuse deram uma extensa entrevista ao The Hollywood Reporter. Nela, eles também falaram sobre os segredos que finalmente serão revelados, além de dar seus palpites com relação à reação dos fãs para a conclusão de Lost e dos planos para a vida pós-Lost. Imperdível!

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    Como vocês acham que os fãs reagirão ao final da série?

    Lindelof: É uma pergunta bem capciosa. É difícil prever, mas nós concordamos que haverá uma reação a curto prazo e então uma reação de legado que virá seis meses ou mesmo anos depois quando as pessoas analisarem a série como um todo… O que as pessoas vão pensar do nosso final será puramente baseado no episódio que conclui a série, mas temos esperança que as pessoas sejam capazes de conectar essa experiência a tudo que precedeu esse momento ao longo de seis anos.

    Em termos de tom, como vocês descrevem a temporada comparada às outras?

    Cuse: É bem parecida com a primeira temporada da série. Estamos explorando um mecanismo diferente de narrativa, que no nosso entendimento está resultando em histórias emocionais e com muito coração. Queremos que o público tenha a chance de relembrar toda a história da série nessa temporada, por isso temos alguns atores como Dominic Monaghan e Ian Sommerhalder reaparecendo. Esperamos atingir uma circularidade da jornada inteira para que o final lembre o início.

    Há algum personagem especificamente cuja história seja mais impactante nessa temporada?

    Cuse: Jack e Locke sempre estiveram no centro da série através daquele dilema de fé x razão, e o conflito entre esses dois personagens está lá desde o início. É muito empolgante poder dar uma conclusão à esse relacionamento.

    Nos últimos anos tivemos os episódios finais de Sopranos, The Shield, The Wire e Battlestar Galactica. Algum desses foi concluído realmente bem para vocês?

    Cuse: Pessoalmente não acho que nenhuma dessas séries escorregou no final. Todos foram apropriados para suas histórias, mas Shawn Ryan fez um ótimo trabalho encerrando The Shield.

    Vocês já resumiram Lost a uma questão central que essa última temporada precisa resolver?

    Lindelof: A única questão que realmente importa para nós é saber o que vai acontecer com aquelas pessoas. O que é a resolução de um personagem? Que o público sinta que o personagem teve um arco – começo, meio e fim. Estou satisfeito com isso. Nós amamos toda a louca mitologia da ilha, mas isso é igual os terroristas atacando Jack Bauer, ou seja, são coisas que acontecem para que possamos contar boas histórias de personagens.

    Vocês falaram em novo artifício narrativo nessa temporada, com isso imagino que não seja nem flashback nem flash forward, certo?

    Cuse: Números musicais. Se você gosta dos filmes de Bollywood vai amar essa temporada. (Risos)

    Lindelof: A série nunca fica numa zona de conforte. Não que tentemos ser sempre inovadores, mas Lost exige que façamos mudanças constantes para contar a história de uma forma melhorada. Nós já sabíamos o que queriamos fazer há tempos e o trabalho para fazer a premissa dar certo foi imenso, mas ainda nos perguntamos: “Vai funcionar? O público vai entender? Como será a reação?”

    Já que não há nenhuma cena nova sendo revelada antes da estreia, há alguma coisa que você possa dizer para atiçar nossa curiosidade?

    Cuse: Nós encerramos a 5ª temporada com Juliet batendo na bomba atômica. Há a expectativa de Jack de que a bomba vá resetar alguns eventos e que o avião não caia. Há também a possibilidade de que isso não funcione. Queremos que o público reflita sobre qual é a consequência de Juliet bater na bomba. Nossos ganchos são feitos para deixar o público pensando sobre a pergunta que nós queremos levantar.

    Qual a temporada preferida de vocês?

    Lindelof: A primeira provavelmente é minha favorita, já que ela dá perspectiva sob toda a dificuldade de se fazer a série.

    Cuse: Eu fico com a 5ª. Fizemos coisas bem radiciais (ao introduzir a viagem no tempo) e abraçamos as raízes sci fi da série. Nos preocupamos com isso, mas ver as reações positivas das pessoas foi enormemente gratificante.

    Vocês tem algum plano de assumir uma série nova na ABC ou em outra emissora já para a próxima temporada?

    Lindelof: Não. O mundo funciona de forma misteriosa, mas nosso tempo foi inteiramente dedicado a Lost nos últimos seis anos quando trabalhávamos cerca de 70/80 horas por semana. A ideia de voltar para essa rotina não é muito empolgante. Quando encerrarmos Lost vamos desaparecer e refletir sobre tudo por um tempo.

    Cuse: Penso que a única coisa certa é que nenhum de nós dois tem pressa de voltar a fazer algo tão denso e serializada. Para mim é importante exercitar músculos criativos diferentes.

    Lindelof: Meu desejo é de poder explorar a ideia de outras séries de sucesso.

    Da mesma forma que fizeram com Lost?

    Lindelof: Exatamente. Talvez uma série sobre vampiros que trabalham numa agência de publicidade e que um deles seja um serial killer. (Risos)

    Cuse: Especialmente uma que o personagem principal produza metamfetamina. (Falando de Breaking Bad, claro)

    Lindelof: Ah, não tinha pensado nisso. É Emmy praticamente garantido. “Breaking Bad Men.” (Risos)

    Quem vai escrever e dirigir o final da série?

    Cuse: Damon e eu escreveremos e Jack Bender vai dirigir.

    E o J.J. vai se envolver de alguma forma?

    Lindleof: Vamos convidá-lo para a festa. Ele tem umas dez coisas diferentes para fazer agora. A contribuição dele será exatamente a mesma dos últimos cinco anos, um apoio incrível de fã o que é muito bom para nós.

    Vocês podem dizer de foma definitiva que depois do episódio final não haverá mais nenhuma produção envolvendo Lost na tv, no cinema, na web ou em qualquer outra mídia?

    Cuse: A Walt Disney é dona da marca Lost. É uma franquia que conservadoramente vale bilhões. É difícil imaginar que Lost será arquivada e nada mais será feito em torno dela. Eventualmente alguém fará alguma coisa, quer estejamos envolvidos ou não. Nós nos comprometemos com esse grupo de personagens cujas histórias serão concluídas em maio.

    Lindelof: Alguem fez uma sequência para “E O Vento Levou.” Algumas vezes a franquia transcende seus autores. A edição definitiva de Lost termina em maio na ABC, e essa é a história que temos para contar. Ela teve início, meio e fim. Esse final não terá ganchos, ou funcionará como preparação para que as pessoas digam: “Claramente eles farão mais coisas daqui um tempo.” Não temos nenhuma ligação com outra série ou filme, mas como todo mundo sabe, há um filme do “Esquadrão Classe A” vindo aí. Esse é um negócio que aposta em commodities conhecidas. “Tron” é o filme mais esperado para o próximo ano e ficou pegando poeira por 20 anos. Duvido que não vá existir algo com Lost envolvendo monstro de fumaça, ursos polares e viagem no tempo.

    Comecei a entrevista perguntando como vocês acham que os fãs reagirão ao fim da série e agora pergunto: como vocês se sentem?

    Cuse: É como o Natal. Temos esse presente que compramos há muito tempo, e estamos empolgados para entregar aos fãs. Também haverá uma certa dose de nostalgia e tristeza como acontece quando você guarda os enfeites de natal.

    Lindelof: Nunca mais haverá natal de novo. É imposssível dizer como nos sentiremos no dia seguinte. Parece meu último ano na escola. Você formou ótimas amizades e relacionamento, mas você tem que partir para a faculdade e uma nova fase da sua vida começa.

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17 COMENTÁRIOS

  1. Fiquei meio preocupado com a resposta da primeira pergunta. Para ELES MESMOS admitirem que possivelmente ocorra alguma "reação inicial" e só DEPOIS, analisando a série com "outra perspectiva", de fato aprovar o desfecho, me faz ficar apreensivo.

    Antes acreditava em técnica. Agora tenho fé. Coisas que Lost faz…

  2. É sempre muito bom ficar sabendo das entrevistas de "Darlton". Sou fã dos caras e confio no trabalho deles. Acredito que para quem é ultra mega super hiper fã de LOST, que já viu, reviu, reviu mais uma vez todos os episódios, vai gostar do final pq como eles mesmo disseram, compreendeu todo o arco da história. Mas para aqueles que mal veem, viram uma vez somente, talvez seja um pouco difícil conectar todas as 6 temporadas e ver o final da forma que eles gostariam.
    Em tempo, faltam 27 dias!!

  3. Também fiquei com medo da primeira resposta. To acreditando que a reação inicial vai ser muito mais fria do que prevíamos, algo completamente inverso de todos os finais de temporada, onde ela se encerrava no ponto mais alto da narrativa (escotilha, explosão da cisne, jack & kate, locke e bomba).

    Mas também fiquei com medo sobre as sequências de Lost. Como fã, sei que se tiver, eu vou acabar assistindo, e tenho receio disso ):

  4. Caraca, isso serviu para mim que terminei a escola esse ano:

    "Lindelof: Nunca mais haverá natal de novo. É imposssível dizer como nos sentiremos no dia seguinte. Parece meu último ano na escola. Você formou ótimas amizades e relacionamento, mas você tem que partir para a faculdade e uma nova fase da sua vida começa."

    Que vazio meu deu agora. 😉

  5. muito boa a materia DAVI.. meus parabens , como sempre hehehhe. vou twitar o link.. vcs merecem… um abraço cara,,,

    PS: po cara estou aquardando o DUDECASTaquecimento da final season,, quando sai???

  6. Eu simplesmente confio nos caras, mas não me iludo a tal ponto de achar que eles responderão tudo. Acredito que o mais importante será esclarecido, de resto chegaremos a uma conclusão com o tempo, assim como eles mesmo disseram…. É uma pena perceber que a melhor série de todos os tempos está chegando ao fim… Quem nos fará sentir novamente aquele friozinho na barriga?

  7. Eu também fiquei deveras preocupado com a primeira resposta:

    "O que as pessoas vão pensar do nosso final será puramente baseado no episódio que conclui a série, mas temos esperança que as pessoas sejam capazes de conectar essa experiência a tudo que precedeu esse momento ao longo de seis anos."

    Me lembrei daquelas primeiras teorias (já descartadas pelos autores, eu sei) de que tudo é só um sonho ou coisa assim, num final bem bobo. A tradução (livre, claro) do texto, na minha impressão, foi tipo: "o final vai ser bem meia-boca pessoal, mas, poxa, levem em consideração a história toda, que foi bem legal…".

    Tomara que eu esteja enganado.

  8. Engraçado, eu já não interpretei assim Zé! Acho que ele quis dizer que a série chegará ao final sem respotas prontas, didaticamente falando (o que certamente decepcionará alguns) mas se formos capazes de rever a série sob nova perspectiva, depois do final, seremos capazes de "ligar os pontos" e finalmente entender as várias pontas soltas deixadas pelo caminho. Seria mais ou menos como dar uma grande resposta, que geraria uma grande conclusão, e através dela nós mesmos teremos que rever os pequenos fatos ao longo da série para percebermos as pequenas conclusões, indicadas por esta grande conclusão do final. Não sei se me fiz entender…

    Porém, é uma visão positivista. De fato, só teremos certeza mesmo do que ele quis dizer quando a série chegar ao final, né? Pode ser que você esteja certo também.

  9. O fim da série deve responder os mistérios mais importantes: Jacob, monstro da fumaça, sussuros, Richard, Black Rock…

    Enfim, acredito que mistérios do tipo "por que o Hurley tem esse apelido?" não acrescentem em nada a série, e eu não vou exigir uma resposta de algo tão ridiculo assim.

    Eles precisam responder os mistérios importantes.
    Foda-se o resto

  10. Eles disserram que haverá uma primeira reação após o final, que pode ser ou não de descontentamento, mas que mesmo que assim seja, é necessário ver todo o contexto.

    MAS, novamente, o que me procupa mesmo é a idéia de que "estamos contando histórias de pessoas, e a mitologia da Ilha é só uma circunstância". Ora, se o que importa é o relacionamento de pessoas por si só, que se fizesse a série em outro contexto, ou então todos os mistérios, mortes, vigens no tempo, tramas corporativas e etc aparecem só como chamativos de audiência, como truques pra atrair e criar falsas polêmicas. O relacionameno dos eprsonagens está envolto à todos os mistérios, e como ficou claro no último episódio da 5ª temporada, não é por acaso que eles estão na Ilha. Tomara que questões Jatters e Skatters é que sejam as questões auxiliares na história.

  11. Fiquei muito decepcionado com esse trecho:

    "Vocês já resumiram Lost a uma questão central que essa última temporada precisa resolver?

    Lindelof: A única questão que realmente importa para nós é saber o que vai acontecer com aquelas pessoas. O que é a resolução de um personagem? Que o público sinta que o personagem teve um arco – começo, meio e fim. Estou satisfeito com isso. Nós amamos toda a louca mitologia da ilha, mas isso é igual os terroristas atacando Jack Bauer, ou seja, são coisas que acontecem para que possamos contar boas histórias de personagens."

    Meu, isso infelizmente define o que veremos na sexta temporada: não há qualquer preocupação de situar os acontecimentos sobre A ILHA dentro de algo razoável… o que vale são as historinhas fúteis de triangulos amorosos, obesidade mórbida, problemas pregressos da vida dos personagens….. e o telespectador, que tanta fé botou (e razão) botou nesse show desde o início, que engula a fumaça preta, a ilha se movendo, as bobagens da inciativa Dharma e por aí vai….

    Poderia ter sido uma GRANDE SÉRIE, mas vai acabar como uma grande bobagem mesmo…

    Namaste!!

  12. Ué, porq não puseram a parte que eles falam:
    "There are shitty episodes of "Lost" that we wish we had never written."

    (teve episódios de merda de Lost que talvez nunca deveriamos ter escrevido) ?

    esse trecho foi tirado da entrevista

  13. Esse trecho foi deixado de fora propositalmente, Josimar. Há outras entrevistas relativamente recentes publicadas no blog onde eles já reconhecem os equívocos de alguns episódios (sobretudo aquele das tatuagens do Jack, claro), assim, não quis repetir o que já havia sido dito anteriormente.

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