

“…a verdade é que se não tivessemos uma data final, nem eu nem Carlton estaríamos escrevendo nada e outra pessoa estaria aqui falando sobre Lost, porque não sabíamos mais como continuar a série, o que explica nosso lobby para que fosse definida uma data.” (Lindelof)
“…as pessoas que mais gostam de Lost são as que apreciam a jornada em vez de pensar só no destino final. É assim que gostaríamos que as pessoas vissem a série.” (Cuse)
Há alguns pequenos (e à essa altura óbvios) spoilers da 5ª temporada, portanto esteja avisado.
- Por Fred Topel originalmente publicada no Crave Online
Devemos assumir que o final da 3ª temporada mostrou o primeiro flash forward, ou algum episódio anterior já teria mostrado eventos no futuro?
Carlton Cuse: Bem, é tudo relativo. Penso que o que você vai realmente descobrir dessa 5ª temporada é que se você olha para a totalidade de Lost, onde várias das peças do quebra-cabeças se juntam, todos [os acontecimentos] tem relação uns com os outros. Portanto, aquele foi o primeiro que vimos na série, mas num sentido cronológico, você poderá ver outros flash forwards que se encaixariam antes daquele.
Damon Lindelof: A verdadeira resposta para sua pergunta é que aquele foi o primeiro evento que mostramos depois que os Oceanic 6 foram resgatados. Nada mais do que você viu antes aconteceu depois daquilo.
Veremos muito mais de Nestor Carbonell?
Carlton Cuse: Sim, vocês verão.
Como vocês teriam contado a história se Cane tivesse se tornado um sucesso e Nestor estivesse indisponível?
Damon Lindelof: Pois é, essa é uma ótima pergunta. A boa notícia é que desde o momento em que chegamos a um acordo para encerrar a série, pudemos fazer um planejamento prévio de tudo. Portanto, no caso do Nestor, basicamente ele estava na série Cane no ano passado e ficamos numa posição de que se ela se tornasse um sucesso e ganhasse mais de 13 episódios e ele fizesse parte do elenco regular da série, Lost provavelmente nunca mais mostraria o Richard Alpert novamente. Então precisávamos ter um plano B que seria meio catastrófico para nós a partir do momento em que introduzimos o Richard Alpert na série de uma forma tão significativa. A partir do momento que Cane foi cancelada, fizemos um acordo com Nestor no qual basicamente asseguramos os serviços dele caso precisássemos até o fim da 6ª temporada, portanto o teremos até o final da série. Quando você tem personagens secundários que são tão essenciais à trama como Charles Widmore ou Richard Alpert, o benefício de saber para onde a história caminha com antecedência, é que podemos tentar segurar esses atores para que não caiamos numa situação onde temos que esperar para ver se estarão disponíveis. A outra boa notícia é que por gravarmos a série com antecedência – ela só estreou agora em janeiro – temos uma certa vantagem de tempo. Alguém pode não estar disponível para o episódio no qual precisamos, mas como as gravações ocorrem de julho do ano passado até março, talvez essa pessoa esteja disponível um pouco mais tarde permitindo que a encaixemos em um episódio mais tarde.
Veremos Claire e Jin nessa temporada?
Carlton Cuse: Definitivamente veremos Jin nessa temporada. Ele faz parte do elenco regular. Claire não está no elenco regular nessa temporada, mas a história dela não está encerrada, portanto vocês voltarão a vê-la, mas provavelmente de uma forma mais proeminete na 6ª temporada. E Jin estará de volta. Não estamos dizendo que ele está vivo depois da explosão do cargueiro, mas a partir do momento em que contamos histórias tanto no passado, no presente e no futuro, vocês definitivamente verão histórias com Jin. Só não vamos dizer quando elas ocorrem.
Então ele ainda faz parte do elenco regular? Por que ele não está em nenhuma foto promocional.
Damon Lindelof: É isso mesmo.
Vocês pretendem revelar a quem Ben responde ou talvez mostrar mais da Sra. Hawking?
Damon Lindelof: Sabe, Ben provavelmente trabalha para Ben, mas é fato que ele está obviamente envolvido com outras pessoas e como vocês (da imprensa) viram desses três episódios, ele tem algum tipo de relação com a Sra. Hawking. Não sabemos há quanto tempo ou exatamente qual é a natureza dessa relação, mas de novo, as alianças entre os personagens, certamente daqueles que estiveram na ilha por um tempo como Ben ou Richard Alpert, são coisas que começaremos a tratar de forma mais intensa na metade final dessa temporada e muito mais na última.
Qual é o plano de incorporar a Ajira Airlines na mitologia?
Carlton Cuse: Essa é uma ótima pergunta. Podemos dar uma chegadinha ali atrás? (Risos)
Como vocês evitam os perigos das histórias envolvendo viagem no tempo?
Carlton Cuse: Bem, estamos tomando remédios agora. Isso é uma parte importante desse desafio. É quase um campo minado tratar de viagem no tempo, ainda que seja bastante empolgante. O que nós não queríamos era que a penúltima temporada da série fosse de pura enrolação. Realmente decidimos que como sempre fizemos em Lost, assumiríamos alguns riscos e tentaríamos a sorte. Se tropessássemos, tudo bem para nós. Prefirmos arriscar e continuar fazendo o que achamos ser uma narrativa empolgante e as consequências disso é que o grau de dificuldade fica maior. Tem sido realmente difícil para nós. Temos trabalhado muito para tentar resolver esses dilemas aos quais você se referiu. Sentimos que temos feito um trabalho muito bom até aqui, e estamos realmente empolgados com os episódios dessa temporada. Quero dizer, eles ficam realmente melhores porque estamos usando o elemento de viagem no tempo da ilha.
Damon Lindelof: Acho que nós ficamos meio masoquistas no nosso método de escrever a série. Sentamos e dizemos: “Isso é arriscado? Sim, vamos fazer.” Isso é parte do que torna a série tão empolgante. Lost meio que caminha na linha de que estamos flertando com uma catástrofe e desastre total, o que inclusive sentimos ser parte do motivo pelo qual o público assiste a série perguntando quando vamos atingir o ponto em que não há volta e onde teremos bagunçado as coisas de um jeito terrível. E não dá para chegar nesse ponto se você não se arrisca, portanto a série tem sido sobre viagens no tempo pelos últimos quatro anos. Só estamos deixando tudo mais claro na narrativa agora. Esperamos que à medida em que a 5ª temporada evoluir, vocês venham concluir que a viagem no tempo esteve no DNA da série há bastante tempo. Nós achamos que o público está preparado para seguir nessa jornada conosco.
Se vocês não tivessem uma data final para a série, ainda estariam envolvidos com a história?
Carlton Cuse: Não. Para mim ter uma data final – graças a Steve McPherson (presidente da ABC) e Mark Pedowitz por ter negociado – foi um completo alívio para nós. Não sabíamos se a mitologia que tinhamos teria que durar mais duas temporadas ou nove e isso congelava muitas coisas. Portanto, saber exatamente quantos episódios tinhamos realmente permitiu planejar e fazer as coisas com a confiança de que sabemos exatamente quanto da jornada falta. Foi muito libertador e a chave para a série toda na perspectiva de quem a conta.
Damon Lindelof: Essencialmente chegamos num ponto da 3ª temporada, e acho que você estava na sala onde mostramos os 7 primeiros episódios da temporada e a série meio que havia atingido o ponto onde caminhavamos para o buraco sem volta. Naquele ponto, tínhamos uma decisão a tomar que era: teríamos uma data final ou veríamos a série ser cancelada dentro de um ano? Porque a coisa simplesmente não podia continuar do jeito que estava. Portanto, a verdade é que se não tivessemos uma data final, nem eu nem Carlton estaríamos escrevendo nada e outra pessoa estaria aqui falando sobre Lost porque não sabíamos mais como continuar a série, o que explica nosso lobby para que fosse definida uma data. Então, basicamente todas essas ideias, o flash forward sendo o primeiro que pudemos iniciar, faziam parte do jogo final da história que envolvia uma quantidade significativa de narrativa envolvendo viagem no tempo não linear. Isso tudo era parte do nosso plano, mas não podíamos iniciá-lo antes de ter certeza que caminhávamos para um ponto final.
Carlton Cuse: Isso tudo porque a viagem no tempo reflete o tipo de indicação para o fim que é irreversível à essa altura. A partir do momento em que nos comprometemos em fazer isso, havia apenas uma curta distância entre isso e onde a história na nossa opinião tinha que terminar.
Vocês poderiam falar mais a respeito dessa ser a temporada do Sawyer?
Carlton Cuse: Sawyer tem muito o que fazer nessa temporada. Quisemos nos assegurar que as pessoas que não são tão fãs do conceito de viagem no tempo que Sawyer ficasse sem camisa no primeiro episódio. Esse foi um ato de equilíbrio calculado.
Damon Lindelof: Também era importante que Sawyer não fosse fã da viagem no tempo. Vocês o verão ao longo dessa temporada, constantemente reclamando da situação na qual está. Sentimos que no ano passado, por conta do foco nos Oceanic 6, Sawyer não teve tanta atenção, e agora tentamos compensar esse aspecto. Josh tem feito um trabalho incrível e obviamente por já termos iniciado o trabalho para o 13º episódio, vimos muito do trabalho do Josh. Realmente sentimos que ele tem feito um trabalho maravilhoso nessa temporada. Há muita coisa por acontecer.
Carlton Cuse: É meio que a temporada do Sawyer mesmo.
Voltando ao assunto Ajira, nós não somos os únicos que não sabem o que a companhia aérea é, certo?
Carlton Cuse: Nós sabemos.
Damon Lindelof: Sim.
Quantos personagens regulares e camisas vermelhas restam? Vocês mataram muitos deles agora.
Damon Lindelof: Você está se referindo àquele ataque das flechas incendiárias?
Carlton Cuse: Rose e Bernard ainda estão bem. Eles não foram atingidos pelas flechas.
Damon Lindelof: E Vincent, o cachorro provavelmente também sobreviveu.
Carlton Cuse: Muitos dos outros camisas vermelhas no entanto não tiveram a mesma sorte.
Essa foi a oportunidade de se livrar de personagens que vocês não usariam?
Carlton Cuse: Essa pergunta tem algo a ver com Nikki e Paulo?
Damon Lindelof: Sabe, o último personagem pelo qual alguém nos perguntava alguma coisa era o Frogurt e vocês viram como lidamos com a reintrodução dele. A questão é que a série está indo para uma fase onde a presença daqueles personagens não é mais diretamente necessária. Então nos os cozinhamos com as flechas.
Vocês acham que é melhor não tentar adivinhar o que está acontecendo?
Carlton Cuse: Veja bem, no cerne a série é sobre mistério e nós esperamos que o público se envolva com esses mistérios, mas eu acho que você pode ficar louco [se tentar]. Uma das coisas que penso fica mais aparente nessa temporada, particularmente no começo, as pessoas teorizavam sobre a série e o que ela é, e isso acabava se reduzindo a purgatório, ou então a algumas frases, e nós meio que sempre dissemos duas coisas que ficam mais aparentes à medida em que você assite. Uma é que a série não se reduz a uma simples síntese e doi, que vocês não tem peças suficientes para efetivamente teorizar sobre onde ou como ela acabará. Se você voltasse à segunda temporada e dissesse, “Bem, o que é Lost, afinal?” sem saber que faríamos os flash forwards ou as viagens no tempo dessa temporada, você não teria informações suficientes. Portanto, penso que seja justo dizer que as pessoas que mais gostam de Lost são as que aprecisam a jornada em vez de pensar só no destino final. É assim que gostaríamos que as pessoas vissem a série.
concordo com Darlton que a viagem no tempo sempre esteve no cerne da série. Porque nos três prmeiros anos praticamente tinhamos uma série de mistérios cheia de flashbacks, onde conhecíamos da personalidade e do passado dos personagens, acho que isso foi o que mais atraiu o público de lost, não conhecíamos quem era jack, locke, kate, jin, sawyer, claire, sun, sayid, charlie, claire e companhia ltda, todos pareciam ser pessoas normais, alguns heróis e outros nem tanto, mas pelos fb, pudemos aos poucos formar um quebra-cabeça e descobrir mais das personalidades e “problemas” de relacionamento de cada um.
Enfim a série sempre voltou ao passado, e viajou entre “passado e presente?” agora ela só faz isso de maneira mais direta e enfim temos mais argumentos para teorizar tantos mistérios que nos deixaram envolvidos em lost
Em todas as entrevistas eles têm que citar a Nikki e o Paulo. Parece que foi o maior arrependimento da vida do “Darlton”.
Realmente eles foram personagens bem mal-construídos, bem inúteis. E eu espero nunca mais ver nenhum red shirt. Adorei vê-los queimando…
Uhuuuu! Muito bom! Parabéns pro “Darlton”!
Outro da produção de Lost que a gente vê muito nas entrevistas é o Michael Giachinno. Eu gosto muito das músicas que ele faz na série.
Eu amo esses caras.
Eu amo esses caras [2]
cade o podcast??
Fica o registro que o DUDEWEARELOST é foda!
Considerei a premiere da série bem fraca em comparação às anteriores, mas os posts do Davi e dos demais colaboradores do DUDE realmente são empolgantes. É uma avalanche de informação da qual é praticamente impossível evitar. Lutei bravamente para evitar os spoilers até a premiere.
Hoje fui visitando post por post e apreciando todas essas informações postadas, e fiquei impressionado com a qualidade do material e com a extraordinária extensão da pesquisa que vocês fazem para manter esse blog. Fantástico.
Fico no aguardo das boas teorias do Davi.
Um abraço, pessoal!
Cade o dudecast que você prometeu, Davi? =[
LINDELOF: “Isso é parte do que torna a série tão empolgante. Lost meio que caminha na linha de que estamos flertando com uma catástrofe e desastre total, o que inclusive sentimos ser parte do motivo pelo qual o público assiste a série perguntando quando vamos atingir o ponto em que não há volta e onde teremos bagunçado as coisas de um jeito terrível.”
Esse trecho resume meus medos com relação ao caminho que Lost tomaria. HOJE, é possível falar que viagem no tempo sempre esteve na série, no entanto como eles mesmos disseram, muita coisa foi feita na base do risco, como muitas coisas ‘jogadas’ antes e que só agora se relacionam.
Felizmente, com o fim previsto, foi possível pra eles colocar um rumo certo. Ainda bem que a lógica mercantil foi submetida pela lógica criativa/narrativa da série.
Se não fosse assim, teríamos cada vez mais elementos jogados e nunca se relacionariam.
Parabéns ao “Darlton”! Pela ousadia, pelos riscos que correram (e por adimitiram que correram, que tudo não estava pronto desde o início).
Apreciar a jornada é o essencial… Muito mais importante que só vislumbrar o fim dela…
Isso é sobre a vida… sobre a série, sobre os princípios como um todo…
Genial a entrevista…
Só não entendo pq eles não falam sobre a outra companhia aérea