Entrevista: William Mapother, de Lost

Fonte: Buddy TV

Tradução e Adaptação: Carolina Menescal

De todos os mistérios relacionados ao monstruoso sucesso da ABC, um que talvez nunca seja revelado é como alguém tão legal e engajado como William Mapother pode interpretar um personagem tão falso e às vezes assustador como Ethan Rom na série. Claro, as poucas vezes que vimos Ethan nos flashbacks de Juliet talvez tenham tornado sua imagem um pouco mais agradável. Mas existem poucos fãs de Lost por aí que irão esquecer o momento no final de “Raised by Another” quando Hurley conta para Jack que existe uma pessoa cujo nome não está na lista de passageiros – então corta para Ethan com Charlie e Claire. Yikes!
O BuddyTV teve a opotunidade de conversar com William Mapother em sua “própria pele”, em vez de na pele de Ethan. Na entrevista, ele fala sobre como começou a atuar, como conseguiu o papel de Ethan e também conta um pouco sobre a nova série K-Ville que será lançado pela Fox no próximo outono (nos Estados Unidos) e onde tem um papel no episódio piloto.
Eu acho que a minha primeira pergunta é uma pergunta “no começo” – quando você começou a atuar? Era algo que você sempre quis fazer? Ou aconteceu por acidente?

Eu sempre fui interessado em filmes e minhas ex-namoradas que eu tenho encontrado na rua têm me falado que na época da escola e de faculdade eu costumava arrastá-las para toda a tela que eu pudesse. Eu sempre imaginei que estaria escrevendo ou dirigindo, o que eu ainda sou muito interessado em fazer. Mas eu tive algumas aulas de teatro logo depois de terminar a faculdade e acabei dando aula em escolas. E depois voltei para o verdadeiro perímetro dessa indústria. Me mudei para Nova Iorque por um tempo e tive algumas aulas de teatro lá. E atuar se mostrou ser bem mais interessante e difícil e intelectualmente desafiador que eu esperava. Então, eu voltei para Los Angeles e fui fazer um curso de dois anos e estou atuando desde então.

Você tem feito muitos papéis tanto em televisão como no cinema. Você prefere trabalhar na televisão ou em filmes? Ou é tudo basicamente atuar para você?

Bem, até agora é tudo sobre atuar. Não existe um objetivo certo envolvido. Mas, eles não são exatamente iguais. Cada um tem suas vantagens e desvantagens. E o que eu sinto sobre eles é o que muitos atores sentem também – veja, eu vou atrás da onde os trabalhos estão e da onde os bons papéis estão. Então, eu não necessariamente demonstro ter preferência em um mais do que no outro. Cinema tem a vantagem de permitir que você, geralmente, possa mergulhar mais profundamente em um personagem e ter mais oportunidades de repetir mais vezes os takes, porque você tem mais tempo. Televisão tem a vantagem de permitir que o seu trabalho apareça mais cedo, porque às vezes certos filmes podem ir para a gaveta ou demorar anos para serem lançados. E, fazendo televisão, você tem a opotunidade de explorar um grande número de diferentes papéis, porque papéis em filmes são raros e demoram mais tempo para aparecer.

Agora, como você conseguiu o papel de Ethan [Rom em Lost]?

Essa é uma história interessante. No outono de 2004, organizei uma reunião com uns amigos da época de faculdade para jogarmos juntos e nos encontrarmos como eu fazia quase todo o ano, mas eu não pude ir na reunião do ano anterior, então, eles me falaram “Você conseguirá vir dessa vez?” e eu disse “Claro que sim. Eu arranjei o lugar e organizei para que todos pudessem ir. Eu com certeza estarei lá.”Então, numa quinta-feira eu teria que pegar um avião para ir para Chicago e encontrar todos os meus amigos. No entanto, na quarta de manhã minha agente me ligou e disse “eu tenho uma oferta de trabalho para você em dois episódios de Lost” e eu disse “eu nunca ouvi falar nisso”. Ela disse “Estréia hoje à noite”. Eu disse: “Eu realmente não quero”. Daí ela disse, “estou te falando, parece ser muito bom”. Eu não podia dispensar essa oportunidade de trabalho, então eu tive que passar toda a tarde de quarta ligando para os meus amigos e contando para eles que eu teria que aceitar esse trabalho. E claro, recebi todos os tipos de insultos possíveis.Assim, na manhã seguinte, em vez de pegar um avião para Chicago, eu fui para Honolulu, no Havaí. Minha agente me apresentou para o diretor de elenco e para o J.J. [Abrams], que rapidamente me reconheceu pelo meu trabalho em In the Bedroom, um filme que eu faço parte e que havia sido lançado uns dois anos antes e disse: “Esse é o cara perfeito. Esse é o Ethan. Traga-o para a série”. Então, eu tive sorte de ter essa oferta para fazer dois episódios em Lost e as coisas aconteceram a partir disso. Quando eu entrei no avião na manhã seguinte, Lost havia estreado na noite anterior e acabou se tornando um grande sucesso. Estava em todos os jornais e já era um favorito cult. Eu tive muita sorte – embarquei no trem na hora certa.

Na hora perfeita. Existe alguma revelação sobre o Ethan desde a primeira vez que você o interpretou que te surpreendeu? Coisas como você o interpretou pela primeira vez e então depois você voltou e descobriu que você era um médico.

Eu não sabia que o Ethan era um cirurgião. Essa foi uma surpresa para mim. E também as aparições pós-morte provavelmente. Com certeza, obviamente me surpreendi. Quando comecei não sabia nada sobre os Outros ou sobre a Dharma, e não fazia idéia de que eu estaria participando na hora que recrutaram Juliet. Essas coisas eu não fazia nem idéia, e eu acredito que nenhum dos outros atores faziam.Você deveria perguntar ao Damon [Lindelof] e ao Carlton [Cuse] e todos os outros escritores o quanto eles mesmos sabiam sobre isso. Eles sabem a direção que eles tem que tomar, mas como eles vão chegar lá é algo que eles…

Executam no meio do caminho?

Executam no meio do caminho, exatamente.

Você tem conseguido assistir [Lost] regularmente?

Com certeza. Eu sou um grande fã. E essa é a parte divertida para mim em relação à série. Não é sempre o caso, quando um ator é fã de uma série que esteja participando. Então, enquanto é divertido, ao mesmo tempo é um pouquinho estranho para mim. Afinal, estou participando de algo, ajudando a criar algo, mas também curto muito isso como telespectador. Por exemplo, ao me ver na tela em um episódio, eu ajo mais ou menos assim “Saia daí, Mapother! Vamos deixar os outros caras fazerem o trabalho deles para que você possa curtir a série!”

“Onde está o Hurley? Eu não quero ver o Ethan!”

Exatamente. “Vamos para a ação!” É assim que eu me sinto quando meu personagem aparece em cena. De certa forma ele se intromete no meu lado fã. É algo muito engraçado assistir um episódio que eu esteja. Eu me encolho, vibro e grito. É bem divertido.

Então, você assistiu o último episódio da 3ª Temporada?

Oh com certeza!

Toda essa coisa de “flash-forward” te deixou maluco?

Bem, me surpreendeu, assim como surpreendeu várias pessoas. Eu não tinha nem idéia que isso aconteceria. Eu estou tão interessado quanto qualquer um em saber para onde isso tudo está indo.

Você acha que a morte do Charlie teve de certa forma a ver como uma espécie de “justiça da ilha” porque ele matou o seu personagem?

Ah isso é cruel. Eu juro para você que isso nunca tinha passado pela minha cabeça.

Ah, mas passou agora!

Mas isso significa que – nós vimos Sawyer matar duas pessoas a sangue frio. Isso significa que daqui a duas temporadas nós iremos perder o Sawyer?

Eu só pensei que – Dominic [Monaghan] saiu de Senhor dos Anéis e entrou em Lost. Ele tinha sua própria base de fãs. Então, existiu o “enforcando o hobbit” – que foi o que você fez.

Espere um minuto. Desculpa te interromper, mas farei a primeira correção da entrevista – como você sabe que o Ethan fez isso? Isso não só ocorreu fora da tela, como Charlie nunca disse que Ethan fez isso.

Então ele atirou em você porque você pegou a Claire?

Exatamente.

E não porque você tentou estrangulá-lo?

Bem, ele se importou com isso. Mas você lembra como ele era obcecado pela Claire na primeira temporada? E o flashback dele foi sobre como ele decepcionou algumas pessoas e não tinha sido responsável anteriormente na vida dele, antes de ele ir para a ilha. Portanto, o fato de eu ter pego a Claire foi a gota d’água para o Charlie.O fato é que eu estava no lugar errado na hora errada. Ethan deu os passos errados. Mas só para esclarecer, eu não acho que alguma vez já tenha ficado explícito que foi o Ethan quem enforcou o Charlie.

Você vai continuar falando isso para você mesmo.

Você só pode afirmar isso baseado nas cenas que foram ao ar, nas cenas que você viu.

E Lost é MUITO baseado na realidade.

Bem, se você quiser discutir essas coisas que acontecem fora da tela, nunca terminaremos aqui.

Vamos mudar um pouco de assunto. K-Ville [nova série da Fox que irá estrear nos Estados Unidos agora no segundo semestre] ainda não estreiou, mas já podemos ver algumas previews e você está nela.

Sim.

Eu não sei o quanto você pode contar sobre o seu personagem – eu não sei se existe muito a falar. Mas a série foi mesmo filmada em New Orleans?

Sim, nós filmamos lá. Eu não visitava New Orleans há muito tempo. Nós filmamos em Março, eu acho. E isso me fez desejar ter ido a New Orleans mais recentemente, especificamente antes do [furacão] Katrina e também mais recentemente depois do Katrina para ajudar. Para qualquer um que nunca foi até lá eu sinceramente aconselho a ir. É uma das cidades mais bonitas da América, e diferente de qualquer outra cidade americana. A história da série se passa lá. É sobre dois policiais e um deles está tentando manter as pessoas na cidade. Você sabe, porque muitas pessoas tem deixado a cidade depois do furacão. E K-Ville se refere a como alguns moradores se referem a cidade desde o Katrina. Katrina Ville (Vila de Katrina). Meu personagem é o chefe de segurança de um cassino e também faz parte de uma firma de segurança que tem feito alguns trabalhos para o Homeland Security Department (Departamento de Segurança Nacional) e talvez para o FBI. Ele parece estar envolvido com alguns negócios que podem não ser tão honestos, vamos dizer assim.

Em quais outros trabalhos você está envolvido?

Eu fiz um outro piloto esse ano que se chama “Skip Tracer”, com Stephen Dorff, e dirigido por Stephen Frears, que foi indicado por ter dirigido The Queen (A Rainha). Eu interpreto um pequeno personagem cômico de um irmão que está lutando com o seu meio-irmão pela posse do chapéu do pai deles. O pai deles faleceu e eles estão lutando pela posse premiada do pai – o chapéu de Bonanza. É um chapéu de cowboy. Além disso, acabei de terminar de rodar um thriller que se chama “Hurt” e estou prestes a estrelar um filme de terror situado no Velho Oeste que se chama “The Burrowers”. Começaremos a gravar daqui a uma semana em New Mexico. Vai ser bem divertido. Eu interpreto um cara que vai atrás de alguns colonizadores que foram seqüestrados.

Certo, bem, obrigada por conversar comigo.

E estou ansioso pela próxima temporada.

Todos nós também!

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